quinta-feira, 24 de maio de 2012

Festa do Divino


Festas do Divino Espírito Santo

Tradição Portuguesa presente em Itu



Entre nossas festividades religiosas católicas mais difundidas e importantes aparece a do Divino Espírito Santo, comumente chamada festa do Divino. Ela é celebrada em todo o território nacional durante sete semanas, que vai do Domingo da Páscoa ou Ressurreição até o de Pentecostes, dia do Divino Espírito Santo, geralmente entre os meses de abril e maio.
Foi instituída em Portugal nas primeiras décadas do século XIV, pela Rainha Santa Isabel (1271-1336), esposa do rei D. Diniz (1261-1325), que a começou pela construção da Igreja do Divino Espírito Santo, em Alenquer.
Devoção rapidamente propagada, tornou-se uma das mais intensas e populares, sendo trazida no século XVI para o Brasil, em cujas cidades e vilas passou a existir o Império do Divino, erigido por ocasião das celebrações que lembram a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Seguindo a tradição, no Domingo da Páscoa, diante das igrejas onde se organizam as festas do Divino, em um coreto ou palanque que se chama Império, para assento do Imperador-criança ou adulto - ergue-se solenemente um grande mastro com uma bandeira, mostrando no alto a pomba simbólica do Espírito Santo.
Esta cerimônia é realizada depois da eleição do Imperador, que a tudo assiste, em vestimenta de gala, com sua guarda de honra e uma corte numerosa, com Rainha, pajens, alferes, mordomos e criados, passando a ter poderes de libertar presos das cadeias públicas e distribuir comidas aos pobres e ao povo em geral.
Para a organização das festividades são formadas as "folias do Divino", grupos de músicos e cantores que percorrem cidades, vilas e regiões inteiras, durante as sete semanas das comemorações, pedindo e recebendo auxílios de toda espécie, recepcionados sempre com muito respeito.


Levam consigo a bandeira do Divino, ilustrada pela pomba simbólica, tratada com a máxima veneração. São atribuídos dons medicinais e preventivos. Nas casas, a bandeira é passada nas camas dos doentes para curá-los e nas cabeças das crianças para dar-lhes juízo.
A presença dos símbolos do Divino é também invocada para proteger as propriedades rurais contra as pestes agrícolas e dos animais.
E de porta em porta passa o grupo, cantando e tocando músicas. Todos dão algum donativo, por menor que seja, mesmo os mais pobres.
Para o transporte das doações em objetos - muito numerosos e dos mais diferentes em qualidade e estilo - vem sempre um veículo, sob a guarda dos "irmãos do Divino", às vezes com círios acesos.
No Domingo de Pentecostes, sete semanas depois da Páscoa, engalana-se toda a igreja, acendem-se as luzes dos grandes dias de festas, e ao som de músicas e coros há a celebração de solene Missa e, a seguir, a coroação do Imperador do Divino, feita por um sacerdote, de quem recebe a coroa, o cetro, o globo e a bênção católica.
Junto ao trono do Imperador ergue-se outro palanque para os músicos e o leilão de prendas. Os instrumentos soam então alegre e incessantemente, enquanto durar o leilão, feito por um experimentado e farfalhante leiloeiro, habilmente escolhido para garantir o bom humor e o lucro na ocasião.
A noite corre assim tranqüila entre músicas e as peripécias do pregoeiro, até a hora dos fogos de artifícios, que encerram as festas do Divino com grande esplendor e magnificência, num espetáculo de pirotecnia esfuziante e multicolorida.
Em alguns lugares há ainda a apresentação de autos tradicionais, peças de teatro, com o aparecimento final da pomba do Divino Espírito Santo, perante a qual todos se ajoelham e rezam.
Sobem então os últimos fogos entre o repicar de sinos, anunciando o final das celebrações. Com aplausos e vivas ao Divino Espírito Santo, o bom povo de Deus, satisfeito e contrito, dissolve-se pouco a pouco, em um ambiente de paz e muita bênção, sob o manto da noite.



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